Este país é uma canalhocracia feita de gente invejosa, mesquinha e maledicente, onde 32 mortes numa escola no estrangeiro é encarado de uma forma mais branda do que uma chapada que a D. Alzira, que saiu mal disposta da barraca onde vive, enfiou na professora primário do filho. Não se trata de um privilégio de ninguém, atravessa indiscriminadamente todas as classes sociais, ricos e pobres, cultos e analfabetos – é o modo de estar deste triste povo desde a batalha de S. Mamede.
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Em que se substitui o essêncial pelo acessório.
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Em que não se distingue um
pecado geracional de um
pecado pessoal.
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Em que o
striptease substitui a luta política.
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Em que a chantagem pública e notória já não indigna ninguém; até é aplaudida.
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Depois das eleições legislativas de Fevereiro de 2005 a direita, mesmo aturdida e baralhada pelos resultados, obteve duas vitórias eleitorais. Uma, nas eleições autárquicas, cujo símbolo vitorioso é Carmona Rodrigues, presidente da Câmara de Lisboa; a outra, nas eleições presidenciais, onde Cavaco Silva venceu à primeira volta. Em qualquer situação normal, o resultado destes dois actos eleitorais teria fornecido à direita o gás necessário para alimentar uma oposição consistente, mesmo contra um partido que governa sustentado numa maioria absoluta no parlamento. Mas tal não aconteceu. O símbolo da vitória autárquia esfumou-se em meia dúzia de meses, lançando a Câmara de Lisboa num pandemónio e, pior, desacreditando o PSD, enquanto solução alternativa ao governo. Por seu turno, Cavaco Silva, o protagonista da outra vitória eleitoral da direita (e um símbolo por excelência do PSD), mais preocupado com a resolução dos problemas reais do país do que com a satisfação do seu eleitorado – o «povo de direita» –, desde a tomada de posse que exprime, de forma mais aberta ou mais velada, que o governo está a fazer o que deve ser feito. Neste quadro, o «chefe» da oposição, Marques Mendes, é o terceiro dado do problema (nem a licenciatura em Universidade pública o ajuda). São frustrações e orfandades a mais para o «povo de direita» que, resignado, já ia admitindo outra vitória por maioria absoluta do partido socialista e de José Sócrates nas próximas legislativas. Compreende-se que, agora, quando lhes saiu uma Monica Levinsky na rifa, se agarrem ao vestido como náufragos. Parece, pois, que o folhetim Universidade Independente é como a Toyota: veio para ficar. Hoje, por exemplo, vão abrir um baú!
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No
Jornal de Negócios de ontem,
Baptista Bastos botou palavra, na sua habitual crónica, sobre engenharia -
Ser ou não ser engenheiro, titulou ele o seu naco de boa prosa. Não resisto a transcrever um extracto desse texto(sublinhados meus):
«Uma Imprensa catequista tem vindo a crestar José Sócrates em lume brando. Em causa, a licenciatura do homem e a angustiante interrogação: ele é, ou não, engenheiro? A pergunta derramou-se, com lascívia, pelo País. O País, como, aliás, a Imprensa, está pelas ruas da amargura, mas é propenso ao respeitinho e à adulação.
Ser engenheiro, doutor, arquitecto é muito mais importante do que ser competente, eficaz, íntegro e digno. A Imprensa portuguesa devolve a imagem do sítio onde existe: está pejada de doutores, engenheiros e arquitectos, quase todos péssimos jornalistas. E quase todos ascendentes a cargos de directoria, por atalhos amiúde sombrios. Escrevem desamparados de gramática e pouco favoráveis a reflectir sobre os acasos que apadrinham as razões. (...)
Se desconfiamos de Sócrates temos todo o direito de desconfiar daqueles que de ele desconfiam, de modo tão obsidiante. A arfante diligência com que jornais e televisões (não todos, não todas) desancam o homem – dá que pensar. E a vida ensinou-nos que nada acontece por banal prolongamento do acaso. (...)
Estou à vontade: tenho criticado a actuação deste Governo, que me parece não apenas mau: no meu entender, é muito mau. Nada me impede de tentar ver as coisas para lá dos vapores de nevoeiro criados em redor deste assunto. Repugnam-me tanto os ofícios de trevas como as liturgias sacrificiais. (...)
Deplorável a declaração de Marques Mendes, cada vez mais desorientado e confuso. Lamentável a irritação de Pacheco Pereira, cada vez mais vítima de incontrolável egolatria. »
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