
Romano Prodi levou ao Senado uma moção de apoio à política externa do seu governo. A direita berlusconiana, com a colaboração da extrema-esquerda da Oliveira, a coligação que sustenta Prodi, chumbaram-lhe a moção. E porquê? A direita não quer soldados italianos na missão da NATO no Afeganistão, nem quer o alargamento de uma base militar americana em solo italiano. E a extrema-esquerda também não. Que grande combinação!
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Invadiram um país soberano em nome da luta anti-terrorista, mas hoje o Iraque é um palco previligiado do terrorismo, o que não era antes da invasão. Derrubaram um ditadura, mas não encontraram nada do que procuravam e que sustentou a "legitimidade" da invasão. Enforcaram o ditador, mas em troca atearam o caos, a guerra civil e a mortandade por anos e anos. Agora, lavam as mãos, e de rabinho entre as pernas vão começar a debandar. Uma coisa é certa: para mal dos nosos pecados o fundamentalismo muçulmano sai reforçado e com a certeza de que os EUA não se vão meter noutra tão cedo.
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Extractos de O branco e o vermelho de Ségolène Royal, Teresa de Sousa, Público, 21.02.2007. (Sublinhados meus)
«O que correu mal a Ségolène nas últimas semanas? Pagou caro alguns erros e algum amadorismo? Está esgotada a fase "participativa" da sua campanha? Está de novo refém da velha esquerda socialista e das suas velhas fórmulas desacreditadas? Quebrou-se a corrente entre ela e os cidadãos?
(…)
No princípio, Ségolène montou o cerco ao PS apelando às bases do seu partido e, sobretudo, às camadas populares, normalmente arredadas da esfera eleitoral socialista.(…) Nenhum compromisso e muita abertura. Foram estes os ingredientes com que estabeleceu uma corrente de confiança e de simpatia com os eleitores, que a colocaram persistentemente no topo das sondagens e lhe deram de mão beijada a impossível vitória sobre os "elefantes" do seu partido. O que viria a seguir seria necessariamente mais exigente.
(…)
Quando finalmente apresentou, no dia 11 de Fevereiro, o seu programa político, a dama de branco envergou o tailleur vermelho. Guinou à esquerda, regressando às velhas panaceias socialistas. Deveria ter sido o momento de contrariar as críticas ao tom demasiado vago do seu discurso. Tudo acabou por resumir-se num elenco de promessas sociais - da subida do salário mínimo e das pensões mais baixas, às melhorias salariais generalizadas, passando por toda a espécie de ajudas aos jovens à procura de um primeiro emprego, pela garantia de habitação, pelo velho "assistencialismo" (que ela própria condenou) do nascimento à morte. Mais do mesmo.
(…) No Monde, o filósofo Yves Michaud, apoiante de Royal, diz que o seu maior problema "é estar refém da esquerda". Esqueceu, por exemplo, "a relação entre direitos e deveres", que foi uma das suas principais diferenças, para "só prometer direitos". Evitou cuidadosamente as questões da ordem e da segurança com que, antes, tinha incomodado a doutrina politicamente correcta dos socialistas. Deixou espaço ao candidato da UDF, François Bayrou, e esqueceu a máxima de que as eleições se ganham ao centro.
(…)
Qual é a verdade de Ségolène: a da primeira etapa, das suas intuições, ou a do seu programa? Le Boucher admite que a candidata não pode avançar sozinha no seio de um partido voluntariamente "fechado na esterilidade intelectual".Muitos analistas explicam também a sua viragem à esquerda com a necessidade de fixar os eleitores de PS e, sobretudo, de secar a habitual miríade de candidatos de protesto (do PCF aos trotskistas, passando pelos altermundialistas) que normalmente se situam à sua esquerda. Lembram que foram eles que minaram a candidatura de Lionel Jospin em 2002 e lhe infligiram, a ele e à França, a suprema humilhação de ver Jean-Marie Le Pen passar à segunda volta. A questão é saber se Ségolène consegue seguir esta via na primeira volta sem alienar o capital de simpatia que conquistou muito para lá do eleitorado fiel da esquerda.»
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