Distracções.
Meia blogosfera já comentou o título (aquilo não passa de um título) do Expresso «Portas e Marcelo lançam "pacto" para o aborto» Contudo, ninguém sublinhou o mais importante da "notícia": Zita Seabra organiza.
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Ernest Hemingway e a anedota do DN.
O DN de hoje, assim como quem não quer a coisa, na última página, dá a notícia breve de que Ernest Hemingway – um dos meus escritores preferidos – teria afirmado (e escrito numa carta) que, em 1944, integrado como oficial no 22º Regimento da IV Divisão de Infantaria dos EUA, matou a tiro 122 prisioneiros alemães. Depois de Günter Grass ter assumido a sua participação nas SS só me faltava esta. Mas, como é hábito no jornalismo de meia bola e força, a pequena notícia do DN fica-se pelo folclore do “escândalo”: não diz que esta “novidade” está num livro de anedotas sobre escritores da autoria do jornalista alemão, Rainer Schmitz. Anedotas – repito. Outra coisa que o jornalismo despreocupado do meio bola e força não diz é que o próprio autor do livro considera que provavelmente se trata de fanfarronices do escritor e que essa “notícia” já tinha sido publicada, sem qualquer relevância, nos Estados Unidos, em 1992, num artigo da A Life Without Consequences, assinado por James Mellow. Aliás, o jornalista alemão conta ainda que Pablo Picasso não acreditou nessa história quando Hemingway a contou durante um jantar. "Isso é mentira" — disse Picasso na cara do norte-americano. Afinal de contas o jornalismo do meio bola e força transforma uma anedota numa notícia séria. Vejam lá se trabalham um pouco mais que a produtividade em Portugal está muito baixa.
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Luís Inácio Lula da Silva.
Em véspera de eleições presidenciais no Brasil, após o primeiro mandato de Lula da Silva, é quase unânime a opinião dos comentadores em relação a duas questões importantes. A primeira, tem a ver com os medos (mais um argumento político eleitoral para assustar do que outra coisa) da direita brasileira (e internacional) de que o “sindicalista” arrastaria o Brasil para um populismo à Chàvez. Enganaram-se! A segunda diz respeito a outro dos medos da direita: o caos económico. Enganaram-se, também. Em síntese: “o balanço da presidência de Lula da Silva parece justificar a sua reeleição à primeira volta: a economia cresceu, a estabilidade macroeconómica está garantida, o número de brasileiros a viver abaixo do limiar da pobreza extrema reduziu-se e Lula resistiu às duas doenças endémicas da política da América Latina, o despotismo e o populismo.” (Manuel Carvalho, Público). Finalmente a corrupção. Lula da Silva não conseguiu diminuir os níveis de corrupção que afectam a complexa teia do poder (local, estadual e federal) no Brasil há muitas e muitas décadas. À falta de outros, foi este o único argumento utilizado nesta campanha eleitoral contra Lula. A avaliar pelas sondagens, tais argumentos beliscam, mas não matam. Quer isto dizer que à boa maneira brasileira, o Zé-povinho, sobretudo os mais desfavorecidos (os maiores beneficiários do crescimento económico e da redistribuição da riqueza criada) dizem: “Então é só este? E que é dos outros? Pelo menos este ajuda o pessoal.” Amanhã se verá o resultado, mas o povo brasileiro ganha mais com a vitória de Lula da Silva do que com a sua derrota.
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Até amanhã.(
Terry Rodges -The Inluence of Civilization, 2005, 56" x 72 ", oil on linen)
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É por estas e por outras...
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O metalúrgico. José Manuel Fernandes trata, hoje, no Público, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça abaixo de cão. Não sei se é um excesso de zelo do editorialista na defesa do pacto da Justiça ou se tem razão. Mas se assim for - se tiver razão - ainda é mais grave. Se a terceira figura do Estado e a primeira do Poder Judicial é assim retratado e maltratado, o que nos resta? Transcrevo a parte final do texto A estratégia da aranha (sublinhados meus):
«Se era aconselhável que um presidente do Supremo Tribunal desse mais atenção a Montesquieu e ao princípio da separação de poderes do que à cartilha da CGTP, Noronha de Nascimento fez exactamente o contrário. Reivindicou como um metalúrgico capaz de ser fixado para a posteridade numa pintura do "realismo socialista" e, esquecendo-se de que é juiz e representante máximo do "terceiro poder", o judicial, pediu assento à mesa do "primeiro poder", o executivo. É certo que o poder do Conselho de Estado é tão inócuo como o penacho de ser presidente do Supremo Tribunal, só que a reivindicação contém em si duas perversidades. A primeira é ser sinal de que Noronha de Nascimento se preocupa mais com o seu protagonismo público do que com os problema da justiça. A segunda, bem mais grave, é que o homem se disponibiliza para ser o rosto de uma fronda dos juízes contra as decisões reformistas do poder político, neste momento objecto de um consenso alargado entre o partido do Governo e a principal força da oposição. É tão patético que daria para rir, não estivéssemos em Portugal e não entendêssemos como funcionam as estratégias das aranhas. O homem, creio sem receio de me enganar, é tão inteligente e habilidoso como é perigoso. Até porque tem já um adversário assumido: o novo procurador-geral da República, Pinto Monteiro, um dos raros que tiveram a coragem de lhe fazer frente.»
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Foto do dia. (
jordan matter - snowy night, washington heights).
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