Constança Cunha e Sá, depois de nos ameaçar com uma «revolução como deve ser, a breve prazo» termina o seu texto de opinião de hoje, no Público, com a frase: «… o país se encontra, de facto, numa situação sem saída.» Aliás, esta conclusão fatídica está em sintonia com a conclusão de Vasco Pulido Valente, expressa a semana passada, segundo a qual: «O destino de Portugal é, como sempre foi, apodrecer ao sol.» Ora, mesmo dando de barato «o optimismo balofo do primeiro-ministro» ou a «mediocridade reinante» a que alude Constança Cunha e Sá, há no discurso de ambos uma frustração política a «apodrecer ao sol»: não vislumbram, no imediato, alternativa credível ao actual governo. Nem à direita, em Filipe Menezes/Santana Lopes e Paulo Portas; nem à «esquerda», em Jerónimo de Sousa e Francisco Louça. E isso é uma ideia insuportável para a direita. Assim sendo, sem tubo de escape, o «mal estar difuso» vai explodir, como explicou o general Garcia Leandro e a SEDES, avisa Constança Cunha e Sá, como nos tem avisado o PCP. A «democracia burguesa» está por um fio. A revolução entrou, pois, na ordem do dia. E se Constança Cunha e Sá nos avisa é porque sabe do que fala. Se ao menos «isto» durasse até às próximas eleições legislativas para vermos os resultados já não era mau.
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