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Para além de gente do governo ou próxima que condenou abertamente a greve geral de ontem, por motivos óbvios, levantou-se por aí um coro de vozes a “explicar” à arraia-miúda a inutilidade das greves gerais. “Banaliza o direito à greve” ou “estas greves gerais não alteram nada”– dizem. Não percebem que os grevistas pagam para fazer greve e, por isso, o nível de adesão, no quadro de dificuldades, temores e orçamentos familiares mirrados em que se vive, desmente claramente essa suposta inutilidade. Milhares e milhares de trabalhadores portugueses pagaram um dia do seu salário, que tanta falta lhes faz, na maior parte dos casos, para protestar, o que, só por si, tem um significativo que esta gente, sempre disponível para diminuir tudo o que cheire a contestação ao poder, não entende. Estas são as “greves gerais” possíveis numa Europa caduca, seja em França, na Grécia ou em Portugal. Não têm por objectivo a tomada do poder. Mas são momentos de exercício da liberdade e da cidadania; são momentos de defesa da democracia e direitos elementares. É isso que incomoda este governo (e outros) e os seus apaixonados defensores. Inútil é quem não se defende e não protesta contra este estado de coisas.