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Estive a ler extractos de uma entrevista do governador da Bahia, Jaques Wagner, do PT, sobre a onda de manifestações que inunda o Brasil. Evocou a sua luta contra a ditadura, mas revela não perceber bem o que está a acontecer agora e a dimensão da “crise de representação política” que está subjacente, ao dizer que os “protestos atrapalham a democracia”. É exactamente ao contrário: a democracia enriquece-se sempre que é questionada a sua anquilose. Esta cegueira que atinge toda a classe política, tanto no Brasil, como em toda a Europa, tanto à direita, como à esquerda, acomodada a um “jogo democrático” formal, (ora agora governas tu, ora agora governo eu), gerou o divórcio com os cidadãos e provocou uma profunda crise de representatividade e de descrédito dos políticos e da actividade política. O futuro das democracias passa por estes protestos, por ondas de choque provocadas pelos milhões de cidadãos maltratados pelo poder político que os devia representar (protestos que tardam a surgir, com pujança, numa Europa envelhecida e resignada ) e não pela classe política instalada, essa sim, a corroer a democracia.