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O relatório do FMI, hoje divulgado, indicando onde o Estado pode cortar 4 mil milhões de Euros na despesa pública dá bem a dimensão da substância da “refundação” do Estado. Primeiro, já estava tudo cozinhado entre o governo e a “troika”, o que significa que a tentativa de envolver o PS na “discussão” era uma armadilha política, como na altura se percebeu. Segundo, a receita é sempre a mesma: para continuar a engordar esse porco do capital financeiro – os “mercados”, essa entidade sem rosto – despedem-se milhares e milhares de funcionários públicos, reduzem-se salários e pensões de reforma, aumenta-se o preço da saúde, da educação e diminui-se a qualidade dos serviços prestados. Terceiro, o resultado desta lógica está à vista: quanto mais gordo o porco estiver mais ele nos ameaça e mais dele dependemos. Entramos na espiral recessiva, na espiral do empobrecimento, na espiral do crescimento da divida externa. Quarto, quanto mais pobres e endividados, mais os “mercados” mandam. E tanto desfazem as nossas vidas, como desfazem a democracia. O futuro é um buraco negro. Para todos os povos europeus. Esta lógica parece invencível, mas não é. Sabemos que todos os buracos negros provocam remoinhos e às vezes tão fortes que deixam tudo de pernas para o ar, de pantanas.