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A “teoria de Deng Xiaoping”, apresentada oficialmente como um “desenvolvimento do marxismo, do leninismo e do pensamento de Mao Tsetung”, e aplicada com êxito na “construção do socialismo” na República Popular da China, parece ter conquistado o novo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. As “mudanças” começaram a surgir: um grupo de economistas e advogados alemães estão já a aconselhar o herdeiro comunista com o objectivo de transformar o país num “colosso económico”. A receita é simples: uma ditadura feroz, uma vasta mão-de-obra faminta e escrava, sem direitos políticos, sociais ou sindicais, sem greves, manifestações ou outras perturbações e com remunerações piores que no início da revolução industrial, e sem horários de trabalho, dotam a Coreia do Norte da "capacidade" para atrair pesados investimentos de grandes grupos económicos e financeiros europeus, americanos, e mesmo asiáticos. Não há nada a esconder. Volker Eloesser, fundador de uma empresa alemã, especializada em tecnologias de informação, explicou o que motiva os investimentos: “O preço e a qualidade, em comparação com as empresas indianas.” Enquanto, em relação à China, os salários são muito superiores aos praticados na Coreia do Norte e “as pessoas costumam despedir-se dos seus empregos antes de um projecto estar terminado, em busca de salários mais elevados”. Tudo o resto vem por acréscimo, incluindo a corrupção dos dirigentes políticos e, o que não é de desprezar, mais emprego e menos miséria para o povo norte-coreano. O capitalismo encontrou outro paraíso, e que permitirá a Kim Jong-un continuar a sua missão - a “construção do socialismo” nas “condições concretas” da Republica Democrática Popular da Coreia.
O problema é que a Europa está também a aplicar a “teoria de Deng Xiaoping”, sob a designação de “teoria alemã”, segundo a qual só seremos competitivos se perdermos direitos políticos, sociais e sindicais, se reduzirmos substancialmente a preço da mão-de-obra, se formos suficientemente pobres para rivalizar com os trabalhadores chineses e norte-coreanos. Tudo isto vai acabar mal. Como dizem os chineses: o Oriente é vermelho, o Ocidente o será.