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Os portugueses saíram à rua, num gigantesco protesto popular, no sábado, 15 de Setembro. Essas manifestações, pujantes e sem dono, assustaram o governo e incomodaram o regime – um regime democrático que quanto mais se afasta das pessoas, mais as teme. E o temor cresceu na proporção da ausência de controlo político, partidário e sindical daquele imensidão de pessoas que tomaram conta das ruas das principais cidades do país.
Provavelmente, se aquelas manifestações não tivessem acontecido, a semana passada não teria corrido como correu: uma corrida vertiginosa para “apagar” o que estava para trás, desde a desastrosa e iníqua “comunicação” ao país de Passos Coelho, a 7 de Setembro. Apesar da onda de indignação e reprovação das medidas anunciadas vir de todos os lados, o primeiro-ministro não teria estado tão receptivo às propostas dos “parceiros sociais”, nem tão fragilizado no debate parlamentar. Nem teria ido de baraço ao pescoço ouvir os conselheiros de Estado zurzir nos mal urdidos devaneios do seu ministro das Finanças. É só recordar que, já as vozes se ouviam por todo o lado, desde confederações patronais, supostamente beneficiadas, até ao líder do parceiro da coligação que sustenta o governo, ainda Passos Coelho se batia com unhas e dentes, na entrevista televisiva de 13 de Setembro, dois dias antes das manifestações, pela sua dama: baixar os salários de quem trabalha e transferir grande parte desse dinheiro para o cofre das entidades patronais. Admitiu aí, apenas e vagamente, estar disponível para, na discussão com os “parceiros sociais”, “calibrar” ou “modelar” a sua aberrante proposta sobre a Taxa Social Única. Entre o que Passos Coelho disse, dias antes nessa entrevista, e a reunião em Belém, na sexta-feira, em que a dita medida foi pelo cano de esgoto abaixo, houve um povo a dizer “basta” nas ruas.
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