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Os problemas com que os portugueses estão confrontados são comuns, mais coisa, menos coisa, a muitos outros países da EU (Grécia, Espanha,
Itália, França, Bélgica, Hungria). Os resultados (sobretudo os deficits orçamentais e o endividamento externo elevados) corresponderam a um «ciclo de
crescimento» dirigido pela ganância do sistema financeiro – bancos, mercados, agências de rating – que estimulou o consumo e o endividamento de Estados, empresas e famílias. A usurpação do poder pela Alemanha dentro da EU e da zona
Euro e a resposta inadequada (à medida dos interesses alemães) à crise das «dívidas soberanas» fez o resto: fim da EU, tal como foi concebida, dúvidas sobre a viabilidade do Euro e, sobretudo, o empobrecimento (que ainda agora começou) de milhões de europeus, a perda de direitos que atinge milhões de trabalhadores, a degradação acelerada da protecção na Saúde e na Segurança Social, a fragilização do património democrático da Europa e por tudo o mais que por aí vem. Perante estas circunstâncias e estas dificuldades, as respostas não são fáceis e um mar de incerteza está à nossa frente. Mas dentro de todas as incertezas, tenho duas certezas: a) a passividade é cúmplice desta espiral de degradação; b) o PS tem de romper com o discurso e a prática que alimentou o rotativismo em que o regime saído da constituição de 1975 se alimentou, sobretudo nas últimas duas décadas. Escasseia o espaço
político e eleitoral para mais do mesmo. Se o PS se mantém nas falinhas mansas à espera da «alternância democrática» e não constrói (e agora é o tempo ideal para o fazer) soluções (sem receio de ousadias políticas que reforcem a democracia e restituam a confiança no regime) que alterem a podridão em que o regime se afunda, mais cedo do que tarde, isto vai acabar mal.