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Na semana passada irrompeu em força o debate sobre a aplicação de impostos extra sobre as "grandes fortunas" de modo a equilibrar o esforço que está a ser exigido só a alguns. Recapitulemos a matéria dada: o primeiro acto do governo de Passos Coelho, no dia da apresentação do programa de governo, foi o anúncio do imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal, o qual incide principalmente sobre os rendimentos do trabalho. Deixou de fora, pelo menos, os rendimentos de capital e lucros de empresas, evidenciando uma flagrante injustiça na distribuição dos sacrifícios exigidos aos portugueses. Quando a imprensa portuguesa fez eco de um artigo, publicado no New York Times, do multimilionário americano Warren Buffet, pedindo ao seu governo mais impostos sobre as grandes fortunas, apelo repetido dias depois por 16 multimilionários franceses, mais claro se tornou como era injusta a opção do governo de Passos Coelho. O dislate de Américo Amorim, o homem mais rico do país, que interrogado sobre a questão, declarou que não era rico, mas apenas um trabalhador, veio atiçar o debate. Estalou-lhe o verniz, mas teve o mérito de provocar a discussão. O Presidente da República, num primeiro momento, deixou que circulasse a sua simpatia por um imposto extra sobre os maiores rendimentos, lembrando que, numa entrevista à Rádio Renascença, durante a campanha eleitoral, afirmara que "os sacrifícios exigidos nos últimos tempos não se dirigem a todos os portugueses". Por sua vez, o governo, procurando emendar a mão, veio também participar no debate. Consta que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças passaram este fim-de-semana reunidos à volta da fórmula para taxar os "rendimentos e os patrimónios" mais elevados. Os partidos da oposição, PS, PCP e BE, apresentaram ou vão apresentar no parlamento propostas sobre o assunto.