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A partir de amanhã temos um novo primeiro-ministro e um novo governo. Um governo que resulta da vontade dos portugueses e que será suportado, no parlamento, por uma maioria absoluta. Não vai ser um governo simpático; antes pelo contrário. Está obrigado, desde o primeiro dia, a aplicar um duro programa de medidas de austeridade – o programa contido no memorando de entendimento com a troika, rubricado pelos dois partidos do governo e pelo maior partido da oposição. Programa que, mal ou bem, foi discutido durante uma longa campanha eleitoral. O facto de caberem num comboio os portugueses que o leram na íntegra não belisca minimamente a legitimidade democrática que o sufragou a 5 de Junho. No entanto, não haja ilusões. Não nos devemos esquecer que se inicia agora a mudança de padrões de vida e de comportamentos de consumo da maioria dos portugueses. A resistência a essa mudança é incontornável. Ninguém quer mudar para pior. Por isso, o êxito ou o insucesso deste governo nos próximos três anos (admitindo que, neste lapso de tempo, a União Europeia não se desmorona) vai depender, em grande parte, de como souber estabelecer o equilíbrio entre a necessidade de obtenção de resultados (com a aplicação das medidas de contenção de despesas e de aumento de receitas do Estado, como se exige no dito memorando) e a contestação social e política que a aplicação de tais medidas vai provocar. Não terá um minuto de folga. Estará permanentemente entre a prestação trimestral de contas a inspectores externos, a começar já em finais de Julho, e as manifestações, greves e outros protestos que, naturalmente, se adivinham. Da actuação deste novo governo nos próximos dois anos depende se nos vamos ver gregos ou não.