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Comemora-se no dia 15 de Janeiro o segundo centenário do nascimento de Proudhon. Entre nós, já encontrei dois acontecimentos relacionados com aquela data: em Lisboa, às 21.30, no bar do Instituto Franco-Português, um Debate sobre Os Anarquismos; no Porto, no Café-Livraria Gato Vadio será exibido o filme La Commune, do realizador Peter Watkins (2000). Muito pouco para quem, segundo alguns, foi o maior filósofo do século XIX. Este ostracismo – até os nazis levaram, para fundir, a estátua que o imortalizava em bronze, em Bensançon, sua terra natal – inicia-se no movimento operário a partir de 1846. A miséria da filosofia, texto em que Marx arrasa a Filosofia da Miséria, de Proudhon, é o marco decisivo. Proudhon evolui para a «democracia operária» através do mutualismo e da gestão operária, enquanto Marx, conquistando parte significativa dos intelectuais que influenciavam o movimento operário, evolui para o «comunismo» sob a «ditadura do proletariado». Proudhon ficou marcado, para sempre, no movimento operário, com a frase de Marx: «pequeno burguês hesitante entre o capital e o trabalho». Hoje, a esta distância, conhecemos os resultados da aplicação do «pensamento» de Marx. Não conhecemos, porque nunca foi levado consequentemente à prática, os resultados do «pensamento» de Proudhon. É uma grande vantagem de Proudhon sobre Marx.
Na esquerda eclética pós-moderna portuguesa, tão devota de Marx, há quem confunda situação de classe com posição de classe. A primeira é um conceito económico; a segunda é um conceito ideológico. Ou seja, não é de admirar que alguém que se situe na média burguesia assuma posições da pequena burguesia radical ou assuma, como Marx, a «posição do proletariado revolucionário».