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Facebook? - Porque não no 5 de Outubro?

por Tomás Vasques, em 15.10.12

 

O senhor presidente da República, no sábado à tarde, deixou uma mensagem, numa rede social, destinada ao senhor primeiro-ministro e ao seu ministro das Finanças. E não a assinou como Aníbal, nem evocou a qualidade de “cidadão e pai”, pelo que foi no exercício do seu cargo presidencial que escreveu aquela dúzia de linhas. Cavaco Silva disse a Passos Coelho e ao governo que “nas presentes circunstâncias, não é correcto exigir a um país sujeito a um processo de ajustamento orçamental que cumpra a todo o custo um objectivo de défice público fixado em termos nominais”. O recado é claro, mas o inquilino de Belém teria dado uma outra dignidade à mensagem, e alguma esperança aos portugueses, se a tivesse transmitido e desenvolvido no discurso proferido no dia 5 de Outubro. Nessa altura, e com essa dignidade, seria entendido como um sério aviso ao governo para que não insistisse nos mesmos erros na proposta de orçamento de Estado para 2013. Assim, parece que apenas quis lavar as mãos e desresponsabilizar-se politicamente do desastre que aí vem. Daqui a meia dúzia de meses, caso este governo entretanto não se fine, escreverá nova mensagem, na mesma rede social, e repetirá: “como eu próprio várias vezes tenho referido, estas medidas orçamentais tornariam a situação ainda pior". Perante a gravidade das circunstâncias, não é esta passividade e este lavar de mãos que se espera de um presidente da República.

Passado pouco mais de um ano, está à vista de todos que Passos Coelho está perdido no seu próprio labirinto, sem rumo, nem convicções, sem estratégia, nem discurso político. O governo está desarticulado, desfeito em contradições internas, enquanto a coligação parlamentar que o sustenta não passa de uma mera soma aritmética de deputados fieis que se esforçam em prolongar esta agonia. Mas, verdadeiramente grave, é o facto de ninguém acreditar que a carga fiscal que o governo se prepara para atirar para cima da maioria dos portugueses permita alcançar as metas de consolidação orçamental previstas. Antes pelo contrário: tal como em 2012, vamos assistir ao aumento significativo do desemprego, ao encerramento diário de empresas, à quebra das receitas fiscais, ao aumento da despesa pública, a um agravamento da recessão, ao aumento do défice orçamental e da divida externa. Todos os sacrifícios, todo este empobrecimento rápido e em força da classe média, vão ser em vão.

Esta convicção de que o governo está a arrastar Portugal para o fundo de um poço não é exclusiva dos partidos da oposição e dos sindicatos. É um sentimento que se instalou no país inteiro. As ruas enchem-se de cidadãos de todos os credos e de todos os sectores de actividade, em sentidas manifestações de indignação e protesto contra esta segunda receita, na qual só a dupla Passos Coelho/Vítor Gaspar e a senhora Merkel acreditam. Até destacadas figuras dos partidos do governo questionam a sua credibilidade. Mota Amaral diz que o governo diz uma coisa num dia e no dia seguinte já diz outra. Marques Mendes refere-se à subida de impostos como um assalto à mão armada. Como se não bastasse, o FMI veio reconhecer que se enganou nas contas sobre os efeitos recessivos das medidas de austeridade. A recessão pode agravar-se até três vezes mais do que as contas iniciais indicavam. A própria directora do FMI veio pedir mais tempo para os “ajustamentos orçamentais” dos países do sul da Europa e, consequentemente, menos austeridade.  

É neste quadro, que Vítor Gaspar e Passos Coelho querem impor uma dose reforçada de austeridade para o próximo ano. Neste momento, e prevendo as consequências que essa austeridade irá provocar, o senhor presidente da República, conhecedor do que poderá acontecer, não se pode alhear da situação e permitir que o governo leve a cabo a destruição do país por várias décadas. Os danos que este governo provocará em 2013 serão sempre superiores, de longe, aos custos de uma crise política e da convocação de novas eleições.

 

(Publicado no i)

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publicado às 11:04

LÁ VEM A NAU CATRINETA.

por Tomás Vasques, em 14.10.12

A “Invencível Armada” perdeu a Batalha dos Açores, como era de esperar. Repito o aviso que fiz, aqui, em Agosto: tenham cuidado com as tempestades no regresso, podem dar um 31 pelas barbas. Os ventos sopram fortes e ameaçam mudanças.

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publicado às 23:08

AÇORES| ELEIÇÕES.

por Tomás Vasques, em 14.10.12

O Partido Socialista ganha as eleições regionais nos Açores, segundo as projecções, com aproximadamente 50% dos votos expressos. É um resultado importante, e tem uma parte de condenação ao governo da República. A primeira em termos eleitorais.

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publicado às 21:01

O RETRATO DE UM GOVERNO.

por Tomás Vasques, em 10.10.12

«Um país que se preza não deixa os seus cidadãos passarem por dificuldades»

 

Ramalho Eanes, ex-presidente da República.

 

«O governo está moribundo e ninguém o toma a sério»

Mário Soares, ex-presidente da República.

 

«Austeridade excessiva pode prejudicar terrivelmente a democracia»

 

Jorge Sampaio, ex-presidente da República.

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publicado às 11:12

A DEMOCRACIA É MAIS FRÁGIL DO QUE PENSAM

por Tomás Vasques, em 01.10.12

 

 

Portugal, a Grécia e a Espanha estão no mesmo barco. Há um fio condutor que une estes três povos: deram, num passado mais ou menos longínquo na História, contributos decisivos que marcaram o mundo até hoje; livraram-se de ditaduras que os oprimiam na mesma altura, entre 1974 e 1976; e aderiram à União Europeia, para consolidar os novos regimes democráticos e alcançar um maior bem-estar, na mesma década. Hoje, navegam à deriva em mar encapelado, à procura de um porto de abrigo que a vista não alcança. Sem bússola, começam a navegar em círculo, aguardando o naufrágio como uma fatalidade. Com maior ou menor reverência, cada um dos governos – por sinal da mesma família política ou aparentados – aceita como inevitável os programas de empobrecimento, sem dó nem piedade, dos seus povos, ditados por Bruxelas e Berlim. Mas, como está demonstrado, primeiro na Grécia, agora em Portugal e, como se verá em breve em Espanha, os pesados cortes dos salários e o brutal aumento de impostos, agravam substancialmente as dificuldades que se propunham resolver: criam profundas recessões, destroem o tecido económico e aumentam o défice orçamental e a dívida externa, destruindo todos os equilíbrios sociais e lançando milhões de pessoas no desemprego e na miséria. Se no caso da Grécia ainda poderiam existir dúvidas sobre as consequências dos programas impostos, dada a má fama no seu cumprimento à risca, no caso português, onde um governo de “bons alunos” foi além do que lhe era exigido, essas dúvidas foram dissipadas. A saída que os nossos credores nos propõem, não é uma saída, é uma entrada no inferno.

Contudo, o pior está para vir. Os resultados desastrosos das medidas aplicadas, aconselhavam, neste momento, um confronto duro entre o nosso governo e os nossos credores: a abertura de uma renegociação séria, com voz grossa, da dívida externa, quer quanto a prazos, quer quanto a juros, bem como a fixação de novos prazos e novas metas para o equilíbrio orçamental, senão mesmo a extinção de parte da dívida. Só isso poderia permitir uma maior “folga” para incentivos ao crescimento económico que, acompanhados de uma distribuição mais equitativa dos sacrifícios por todos, poderia, a curto prazo, reanimar o tecido económico, conter a recessão, diminuir o desemprego e manter a coesão social. Mas não vai ser este o caminho que os governos de Portugal, da Grécia e de Espanha vão percorrer. Pelo contrário. Presos ao Euro, à teia dos tratados europeus e à Direita dominante na União Europeia, estes governos querem, submissos, “respeitar” os ditames dos especuladores financeiros até ao último suspiro. No caso português, o governo prepara-se para repetir, em 2013, a dose de austeridade, aplicada sempre aos mesmos, que tão maus resultados já produziu. Esse é o pior caminho, é o caminho do abismo.

Não é por acaso que, numa Europa aparentemente calma, até ver, em Portugal, na Grécia e em Espanha se assiste cada vez mais a greves gerais, a gigantescas manifestações populares de repúdio pelas políticas dos seus governos e, em última análise, ao desencanto quanto aos partidos políticos e à própria democracia. E sabemos que qualquer regime pode cair de um dia para o outro. Às vezes basta um sopro para se desfazerem completamente, sem qualquer apoio civil ou militar. Foi assim no dia 25 de Abril de 1974, quando militares descontentes, em meia dúzia de horas, com o apoio da população, derrubaram uma ditadura “estruturada” com quase 50 anos. Foi, assim, também, a 28 de Maio de 1926, quando o general Gomes da Costa fez desaparecer a I República, marchando em triunfo de Braga a Lisboa, onde foi recebido por uma multidão de apoiantes na Avenida da Liberdade. E foi assim, mais detalhe, menos detalhe, que a 4 de Outubro de 1910, umas centenas de revoltosos, entre militares e civis, do Partido Republicano, derrubaram uma monarquia com quase 800 anos de existência.

Este governo, ao seguir o caminho de mais austeridade, não está só a empobrecer a maioria dos portugueses e a lançá-los na miséria. Este caminho pode pôr em causa a nossa frágil democracia.

(no i)

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publicado às 13:15



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